13 reasons why: Entenda porque você é o 14º motivo

maio 5, 2017

Implicação

Lado A: 13 reasons why – Entenda porque você é o 14º motivo

 

No dia 31 de março de 2017 o Netflix lançou o seriado 13 reasons why (13 razões porque) onde uma garota que sofre vários tipos de violência acaba por cometer suicídio e justifica o seu ato através de gravações de áudio onde implica algumas pessoas de seu ciclo de convivência.

Pode-se observar que por conta dos consecutivos traumas, a personagem inicia um processo depressivo, com o humor rebaixado e uma falta de esperança típica dos suicidas. Por algumas vezes ela tenta pedir ajuda, porém as pessoas não a enxergam. Ela começa a se sentir cada vez mais vazia, mais invisível, até que desaparece por completo. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) uma pessoa se suicida a cada 40 segundos no mundo e em 98% dos casos essa pessoa apresentou algum tipo de transtorno mental.

O bullying é um tipo de violência que tem sido muito discutido, principalmente depois do massacre de Columbine onde dois rapazes que já foram vitimas de bullying por serem superdotados entraram armados em uma escola e promoveram uma chacina e depois se mataram. Imaginem como a violência psicológica pode mexer com a saúde mental de alguém.

E onde você tem culpa nesse processo?

Somos uma parte importante da engrenagem das representações sociais do mundo em que vivemos. Entendemos que tem muita coisa errada sendo motivada pelo ódio contra pessoas de baixa renda, negros, LGBTS, mulheres, dentre milhares de outras categorias. Um amigo machista posta uma foto de uma menina que ele transou classificando-a como vadia; uma pessoa chama outra de “viado” e todos dão risada; em um grupo de whatsapp um vídeo de alguém religioso sendo agredido na rua por conta de sua fé e é repassado. Qual é o momento que alguém toma uma atitude contra isso? Será que reforçamos e estimulamos esse ciclo do mal?

Muita gente deixa passar. Acontecem as risadas, o tom preconceituoso, as agressões. Deixam passar por que não querem incomodar, não querem ser chatos. As vezes dão risada do bullying feito sobre a condição de outra pessoa, pois quem fez é uma pessoa “boa” e muito inteligente e não se sentem a vontade de contrariar. Muitas vezes por medo de todos do grupo se juntarem e mudarem o foco contra quem questionou.

Aquele que tem coragem de se rebelar contra o processo de violência muitas vezes lhe é induzido um sentimento de culpa, pois as pessoas estão tão acostumadas a normatizar a violência que tentam induzir todos a ficarem quietos. Existem diversos casos onde a garota resolve delatar o pai abusador e a família fica contra ou culpa ela desses abusos. Muitos casos onde a “minoria” se rebela contra o abuso e os omissos resolvem se incomodar ou são estimulados pelo opressor a dizer “poxa você não deveria se estressar por besteira; não deveria ter feito dessa forma; você está errado por esse ou aquele motivo…”. A omissão e a culpabilização da vitima é um comportamento típico do adoecimento social que estamos vivendo, onde o abuso, a violência e a raiva são estimulados em tantos âmbitos que fica difícil até para pessoas que tem muita cultura agir com contra controle (ou abrir mão do controle).

A violência psicológica é uma ação destinada a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal. A omissão é considerada violência psicológica, pois é um acordo tácito entre os envolvidos que se sentem apoiados e estimulados a manter o comportamento e a repetir.

Culturalmente os pais estimulam seus filhos homens a fazerem sexo e as mulheres a se guardarem para o casamento. Essa atitude é estimulada socialmente e desde pequeno a criança vai sendo moldada a entrar no processo machista e adoecedor, que estimula uma cobrança ao homem e uma agressão à mulher. Todos adoecem. Pedir ajuda e se implicar é o primeiro passo para deixarmos de sofrer como indivíduo e como sociedade. É melhor acabar um ciclo agora do que esperar que ele retorne, pois todo ciclo retorna.

Diversas pessoas estão com transtorno mental por conta de violência e o número só aumenta. Por conta do que sofrem ou sofreram elas tem prejuízo em seus trabalhos, relacionamentos e acabam fazendo outras pessoas sofrerem. Muitos relacionamentos não dão certo, inclusive, por conta da baixa autoestima que é condicionado na mente dessas pessoas neste processo de violência. Provavelmente você já deve ter cruzado com alguém assim na sua vida.

É chocante imaginar que pessoas tão boas, que sempre procuraram ajudar a quem necessita e nunca falaram mal de alguém, também podem ser um dos gatilhos para o aumento frequente dos casos de depressão, suicídio e outros transtornos. Todos podemos ser o catalisador de mudança. Quanto mais difícil for esse movimento, quanto menos as pessoas acharem que devem se implicar, maior o trabalho que nós teremos.

Vamos “perder” mais tempo falando bem das pessoas do que perder tempo falando mal. Focando nas qualidades, repetindo palavras de apoio, de positividade e de amor. A lista que todos deveríamos estar é a lista dos motivos para as pessoas serem felizes. Precisamos orientar quem precisa a procurar ajuda especializada. Vamos agir com um movimento contrário a todo esse adoecimento. Será um tratamento social e você será o remédio e a terapia. O mundo precisa de mais amor. Só assim poderemos nos recuperar…

“Entenda porque você é o 14º motivo” Quando você leu esse subtítulo você se imaginou como um motivo de forma positiva ou negativa?

Joaquim Moura

 

Lado B (Dia 19/05)

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