junho 28, 2017
Hoje dia 28/06 o mundo comemora o Dia do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex). Essa data marca um episódio ocorrido em Nova Iorque, em 1969. Naquele dia, as pessoas que frequentavam o bar Stonewall Inn, que até hoje é um local frequentado por gays, lésbicas e trans, reagiram à violência provocada por policiais que oprimiam esse público com frequência. A partir dessa iniciativa as pessoas perceberam que poderia lutar contra qualquer tipo de opressão se elas se organizassem e parassem de se esconder. No ano seguinte foi feita a primeira parada do orgulho LGBTI e, desde então, em todos os lugares do mundo, as pessoas começaram a se juntar contra o preconceito.
Atualmente marcas importantes ao redor do mundo como: Microsoft, Google, HP, Intel, Youtube, Iphone, Facebook, Mc Donalds, Nike, Uber, Coca-cola e centenas de outras promoveram campanhas de apoio à comunidade LGBTI, estimulando a visibilidade e o respeito e mostrando que o preconceito não tem mais lugar no mundo.
Uma das maiores paradas do mundo ocorre no Brasil, na cidade de São Paulo. Nesse ano de 2017, dois milhões de pessoas foram para as ruas lutar pela igualdade de direitos, levantando questões como criminalização da homofobia, educação com respeito à diversidade e Estado laico. Apesar da quantidade de pessoas e do aumento da força política dos LGBTIS, o Brasil ainda é um dos países com o maior índice de crimes estimulados pela homofobia.
Fobia significa medo, aversão. As fobias se referem a um medo irracional, elas não “fazem sentido”. Devido a isso, muito dos discursos fóbicos não tem referência científica ou lógica. Freud, o pai da psicanalise, estudou as fobias a partir do caso Pequeno Hans, onde conseguiu entender que toda fobia tem uma raiz. Muitas vezes ela serve como mecanismo de defesa do ego contra traumas, desejos, incapacidades e questões que ele mesmo não consegue acessar. Essa fobia se transforma em ódio, raiva e muitas vezes em violência.
A educação formal normativa muitas vezes perpetuada nas escolas, na família e na cultura como um todo tem como a maior função a reprodução da norma preestabelecida pela sociedade. Por conta disso, as pessoas não foram ensinadas a questionar e muito menos a questionar a si mesmas. Esse movimento estimula a opressão e a repetição da violência. Quando a pessoa foge das regras sexuais estabelecidas, muitas vezes o caminho é se reprimir. O autoconhecimento leva o indivíduo a ter que lidar com questões que dificilmente as pessoas estão preparadas. Muitas pessoas não entendem a raiz do seu ódio e reproduzem textos e falas que mantém o ciclo de violência.
A violência psicológica ocorre dentro das famílias a partir de ameaças veladas, termos pejorativos e proibições tácitas. “Não tenho preconceito, só não quero que beije na minha casa”, “Pode ser gay, mas sem viadagem”, “Respeito, mas não aceito”. O LGBTI que exprime em seu comportamento a sua identidade é taxado e oprimido muitas vezes pela própria família. Isso estimula a crimes homofóbicos, o ódio, o suicídio, falta de aceitação e o adoecimento social e individual de todos. Faz com que homens e mulheres LGBTIs vivam uma vida de aparências, causando sofrimento para si e transtorno em seus relacionamentos.
A aceitação é tão importante para o ser humano quanto o respeito. Se algo lhe incomoda sobre a forma como o outro se comporta, se veste e, principalmente, como o outro demonstra o amor, provavelmente existe algo que precisa ser trabalhado em terapia. Talvez as pessoas só não aceitem no outro aquilo que não aceitam em si mesmas. Nenhum ser humano deve se calar. A mudança só ocorre se for de dentro para fora. Que bom que contra toda essa corrente de não aceitação temos pessoas que entendem que só o amor pode vencer.
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Artigo por Joaquim Moura | Tags:
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