Brasileiros são os mais deprimidos e ansiosos da América Latina

abril 11, 2017

 

Em 2016, transtornos mentais e comportamentais afastaram mais de 70 mil pessoas do mercado de trabalho

 

Os brasileiros foram considerados os mais deprimidos e ansiosos da América Latina. O título foi divulgado através de um recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), que analisou a saúde mental no planeta. Ainda de acordo com o estudo, nos últimos dez anos o número de pessoas com depressão aumentou 18,4%, o correspondente a 322 milhões de indivíduos. A doença, que até 2020 vai se tornar a mais incapacitante do mundo, ainda de acordo com a OMS, foi uma das responsáveis, somente no ano passado, por afastar mais de 70 mil pessoas do ambiente de trabalho.

Atualmente no Brasil, a crise financeira e política vêm afetando a forma como as pessoas sofrem. Temos relatos de trabalhadores que cometem suicídio, pois não estão recebendo salário, mães que entram em depressão por conta do desemprego, jovens com ansiedade generalizada que relatam a dificuldade de se inserir no mercado de trabalho e a demanda esta cada vez maior.

A revolução tecnológica também é um agravante para esse aumento dos transtornos mentais. Atualmente as pessoas tem acesso a tudo muito mais rápido. O capitalismo agressivo faz com que as pessoas não consigam mais separar aquilo que elas realmente precisam do que elas querem. As relações ficaram cada vez mais superficiais. Hoje toda a conversa é feita via rede social, o afeto é transmitido de forma prática através de caracteres e as pessoas vão esquecendo o prazer de falar pessoalmente aquilo que sentem. Sofre quem fala, sofre quem lê. O whatsapp não tem tom, o facebook não tem toque, o instagram sofre de pouca verdade.

A autocobrança parte de uma necessidade de sempre ser feliz, de estar antenado e atualizado com as roupas e smartphone da moda. Todos sentem que precisam ser incluídos. Até os que são excluídos formam um grupo e uma hora ganham um nome. O sentimento de não pertencer, de não entender, de falta e vazio inerente à natureza humana faz com que as pessoas acreditem que precisam ter tudo que querem de forma rápida e prática. As grandes indústrias, analisando isso, atendem a esse chamado sem pensar nas consequências. Novos transtornos psicológicos nascem a partir disso, e a sociedade não acompanha o ritmo com politicas fracas de promoção de saúde.

O preconceito em relação a saúde mental ainda é muito grande. Na matéria em questão a apresentadora Jessica Serna chega a questionar o porquê de os pacientes esconderem o rosto e de forma muito corajosa se expõe propondo uma mudança no pensamento social em relação ao transtorno mental. Vemos muito poucos exemplos como esse. A saúde mental aparece pouco na televisão. A maioria dos jornais evita falar de suicídio, por exemplo, por que acreditam que isso pode estimular as pessoas ou baixar a audiência.

Precisamos falar sobre saúde mental. Precisamos de mais estudos nessa área, mais produção, mais exposição, mais prevenção, mais promoção de saúde. Cada ano que passa mais pessoas abandonam suas vidas por conta do preconceito em pedir ajuda. Os casos muitas vezes são facilmente solucionáveis com tratamento especializado. Todos precisam fazer a sua parte, sejam os profissionais da saúde mental, seja a pessoa com depressão, o amigo, a irmã, o politico, o jornalista o artista. Tudo que vemos de ruim em algum momento poderia ser evitado se cuidássemos mais de nós mesmos e das pessoas que nos cercam. Pensem nisso…

 

Confiram a matéria na integra que foi transmitida pela Rede Record no programa Bahia no ar com a apresentadora Jessica Serna. A psicóloga Ticiana Rangel fala mais sobre o assunto.

Joaquim Moura

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